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Manual dos Bagageiros para Bicicleta

escrito por Eduardo Lemos novembro 29, 2016

Planejar uma expedição de bicicleta é uma tarefa que pode dar um pouco de trabalho, principalmente, se você é um marinheiro de primeira viagem. As dúvidas costumam serem tantas e surgem tão rapidamente que algumas pessoas acabam sendo levadas pelo medo e passam a acreditar que não são capazes de seguir adiante, o que não é verdade. Viajar de bicicleta não requer que você seja um atleta, que tenha equipamentos de última geração ou que seja um especialista em sobrevivência na selva. Cicloturismo é uma atividade para todos, movida, acima de tudo, pela vontade genuína de querer viajar.

Para quem pretende fazer uma cicloviagem transportando bagagens, deve-se ficar atento a necessidade de se utilizar bagageiros e alforjes na bicicleta. Se sua viagem for simples do tipo que uma troca de roupas e algumas ferramentas básicas sejam suficientes,  talvez uma boa mochila de costas resolva o problema. Porém, se a jornada for longa ou se você estiver carregando muitos equipamentos, aí não há muito o que fazer. Das dúvidas que vão surgindo, talvez a mais frequente e comum esteja relacionada a escolha de um bagageiro.

Esta não é uma tarefa que costuma ser fácil, mas existem alguns conceitos que pode torná-la muito mais simples e agradável. Pensando em ajudar todos aqueles que ainda se encontram perdidos ou que simplesmente buscam dicas para melhorar os equipamentos que já possuem, criamos o Manual dos Bagageiros para Bicicleta, que traz informações relevantes como modelos disponíveis no mercado, compatibilidade com bicicletas, resistência mecânica, durabilidade, improvisação e dicas para tornar seu bagageiro mais seguro e eficiente. Então vamos ao que interessa!


FIXAÇÃO

QUALQUER BAGAGEIRO VAI SERVIR EM QUALQUER BICICLETA?

Ao menos que você seja daquele perfil de pessoas que gostam de criar coisas, a resposta para esta pergunta infelizmente é não. Se a sua ideia é adquirir um bagageiro que seja totalmente compatível com sua bicicleta sem que você precise criar adaptações, é importante que você entenda quais são as características limitantes de cada modelo. A primeira, e talvez a mais importante, seria o seu modo de fixação. Nem todo quadro de bicicleta possui furações apropriadas para bagageiro. Quando encontramos um quadro assim há dois caminhos a se seguir. Optar por um bagageiro chamado universal, que teoricamente é compatível com qualquer modelo de bicicleta ou criar adaptações para tornar o seu quadro compatível com bagageiros específicos.

BAGAGEIROS UNIVERSAIS

São aqueles que teoricamente funcionam em qualquer tipo de bicicleta. Não dependem de furações no quadro e são compatíveis com qualquer tamanho de roda e sistemas de freio. Geralmente são fixados por abraçadeiras no quadro ou no eixo traseiro da roda. Estes bagageiros costumam ter um custo mais elevado. Um exemplo seria o modelo universal Pack n’ Pedal Tour da empresa sueca, Thule, que além de ser compatível com quadros full suspension, pode ser utilizado na dianteiro da bicicleta.

Existem também alguns modelos que poderiam ser classificados de semi-universais. São bagageiros compatíveis com uma escala limitada de tamanhos de roda (geralmente as mais comuns do mercado), mas aceitam todos os tipos de freios. Aqui citamos como exemplo o bagageiro traseiro Raider Universal da empresa francesa, Zéfal, fabricados para bicicletas com rodas de 26″ a 29″.

Ainda dentro da categoria de bagageiros universais podemos incluir os chamados bagageiros de canote de selim. Estes bagageiros como o próprio nome diz são fixados no canote de selim da bicicleta. São mais indicados para uso na cidade ou cicloviagens mais curtas onde não há a necessidade de carregar muita bagagem. Estes bagageiros possuem uma capacidade menor de carga se comparados aos modelos tradicionais. No geral esta capacidade gira em torno 9Kg enquanto os modelos tradicionais suportam em média 20Kg.  Um exemplo de bagageiro de canote de selim seria o Ostand CD28.

A - BAGAGEIRO UNIVERSAL PACK 'N PEDAL THULE ---- B - BAGAGEIRO SEMI-UNIVERSAL RAIDER ZÉFAL ---- C - BAGAGEIRO DE CANOTE DE SELIM OSTAND CD28

A – BAGAGEIRO UNIVERSAL PACK ‘N PEDAL THULE • B – BAGAGEIRO SEMI-UNIVERSAL RAIDER ZÉFAL • C – BAGAGEIRO DE CANOTE DE SELIM OSTAND CD28

BAGAGEIROS ESPECÍFICOS

São bagageiros que por um ou mais parâmetros não podem ser classificados como universais. Por exemplo, um bagageiro que é compatível com diferentes dimensões de rodas (26”, 27.5”, 28”, 700 ou 29”), porém, foi projetado para ser utilizado apenas com um único sistema de freios. Existem também alguns modelos de bagageiros que poderiam ser chamados de ultra-específicos. Foram feitos exclusivamente para um determinado tamanho de roda e tipo de freio.

A - BAGAGEIRO DX1 IMPORTADO / FREIO V-BRAKE ----- B - BAGAGEIRO IMPORTADO / FREIO V-BRAKE ----- C - BAGAGEIRO EM AÇO NACIONAL / FREIO V-BRAKE E RODAS 26"

A – BAGAGEIRO DX1 IMPORTADO / FREIO V-BRAKE • B – BAGAGEIRO IMPORTADO / FREIO V-BRAKE • C – BAGAGEIRO EM AÇO NACIONAL / FREIO V-BRAKE E RODAS 26″

DICA:  Bagageiros feitos para bicicletas com sistema de freio a disco são também compatíveis com freios v-brake, mas não vice-versa. Os bagageiros para bicicletas com freio v-brake só serão compatíveis com freios a disco se o quadro da bicicleta possuir furações que não criem conflitos entre as hastes do bagageiro e a pinça do freio a disco.

Há um padrão de pinças no mercado chamado de flat-mount que teoricamente exclui esta incompatibilidade com bagageiros para v-brake. Porém, o sistema ainda requer quadros específicos (geralmente sem furações para bagageiros) e o preço ainda é um pouco elevado.


POSIÇÃO

Há duas posições diferentes em que um bagageiro pode ser instalado na bicicleta; dianteira e traseira.

BAGAGEIROS DIANTEIROS E TRASEIROS

Os nomes são bastante sugestivos. O bagageiro dianteiro é instalado na parte frontal da bicicleta, geralmente fixado no garfo ou suspensão. Já o bagageiro traseiro segue na parte de trás da bicicleta.

Mas qual seria a necessidade de se ter um bagageiro dianteiro?

Bicicleta com Bagageiros Instalados

Exemplo de bicicleta com bagageiros dianteiro e traseiro

Para quem tem um projeto de realizar uma viagem muita longa ou mesmo curta de maneira autossustentável (acampando e cozinhando a própria comida), o bagageiro dianteiro pode trazer muitos benefícios. A começar pela melhor distribuição de peso na bicicleta. Quando se coloca toda a bagagem de uma viagem sobre o bagageiro traseiro nós estamos aumentando a probabilidade de se ter um pneu furado ou um raio partido. Também, o excesso de peso sobre o bagageiro pode forçar demasiadamente a sua estrutura, o que pode resultar na sua quebra.  Além disso, a combinação de bagageiros traz melhorias significativas para o equilíbrio da bicicleta.

Portanto, deve-se considerar a instalação de um bagageiro dianteiro na bicicleta quando a carga suportada pelo bagageiro traseiro estiver próxima ao limite máximo indicado pelo fabricante.

ATENTOS: Bagageiros dianteiros também seguem a mesma classificação dos bagageiros traseiros em relação a compatibilidade (universais e específicos).


MATERIAL

ALUMÍNIO, AÇO CARBONO, AÇO INOXIDÁVEL, AÇO CROMO-MOLIBDÊNIO (CROMOLY) OU TITÂNIO.

Bagageiro da Tubus Titânio

Bagageiro traseiro da marca Tubus feito em titânio | Preço médio: 300 dólares

Há muitas opções de bagageiros disponíveis no mercado. Com exceção de alguns fabricantes que utilizam peças plásticas de alta resistência na produção de seus equipamentos, a grande maioria dos bagageiros são fabricados puramente em metal. Alguns são bens populares como os produzidos em alumínio e outros mais raros que seria o caso dos bagageiros feitos em titânio. Há muitas discussões sobre o assunto, principalmente, em se tratando da resistência de cada material. Mas será que podemos reduzir a escolha de um bagageiro levando em conta apenas o metal utilizado na sua fabricação? Concordamos que não ou estaríamos excluindo a importância de engenheiros na elaboração de projetos.
Nem sempre o custo de um produto está ligado a sua durabilidade. Um bagageiro feito em titânio, por exemplo, pode custar até 20 vezes mais que um bagageiro similar produzido em alumínio e, ainda assim, apresentar problemas. As condições de soldagem, geometria da estrutura, tratamento térmico dos metais, armazenagem e transporte são parâmetros que influenciam significativamente na qualidade final do produto. No caso do titânio em específico o seu custo elevado pode ser também justificado pelo complexo processo que envolve a extração deste material na natureza.  Já o alumínio é um dos metais mais abundantes que temos na Terra e um dos mais fáceis de ser usinado. Gasta-se menos energia para produzir tubos, cortar, fundir e até mesmo soldar.  Em situação similar podemos citar o aço inoxidável que não tem um custo tão elevado quanto o titânio, porém, há uma diferença expressiva de preço em relação ao alumínio.

Muita gente acredita e afirma que o alumínio é um material fraco e frágil. Isso não é verdade. Vejamos os aviões que são feitos com este metal e suportam cargas intensas e ciclos de trabalhos altíssimos. O que se pode dizer em relação ao alumínio comparado aos outros materiais é que em termos de engenharia o primeiro não possui o chamado limite de resistência à fadiga.  Todo material está sujeito a sofrer danos estruturais quando submetidos a tensões cíclicas por um determinado período de tempo. Porém, teoricamente, alguns materiais tem a capacidade de trabalharem com ciclos infinitos de tensão sem gerar danos as suas estruturas. Claro que esta tensão tem um limite e acima dela o material passa a se comportar como qualquer outro, ou seja, estará sujeito a fadigas.

Fratura em bagageiro feito em aço inoxidável da marca Tubus

Confuso, não? Trazendo para o contexto do artigo seria como se estivéssemos dizendo que um bagageiro de alumínio, inevitavelmente, um dia irá se quebrar.  Já o bagageiro de aço, se o peso colocado sobre ele não for maior que seu limite à fadiga, teoricamente ele nunca se quebrará por excesso de carregamentos cíclicos.  Lembrando que estamos falando de uma situação bem hipotética com bagageiros estruturalmente idênticos e produzidos em condições ideais. Um bagageiro de aço mal projetado pode quebrar numa viagem curta de fim de semana enquanto um bom bagageiro de alumínio pode chegar ao Alasca intacto e ainda estar pronto para rodar mais milhares de quilômetros. O fato do alumínio não ter um limite resistência à fadiga  não quer dizer que ele vai se quebrar durante uma cicloviagem. Geralmente, o número de ciclos que uma estrutura bem projetada em alumínio suporta é tão alto, que talvez você não esteja mais vivo para vê-lo quebrar.

Portanto, mais importante do que se preocupar com o metal utilizado na fabricação de um bagageiro é utilizá-lo de maneira correta. Bagageiros, frequentemente, são quebrados por uso indevido. Há uma série erros que podem reduzir substancialmente a vida útil deste equipamento. Os mais comuns podemos dizer que seriam:

    • Bagagens com peso acima do limite recomendado pelo fabricante;
    • Má distribuição de peso dentro e fora dos alforjes;
    • Parafusos mal instalados (frouxos ou apertados demais);
  • Inclinação incorreta dos bagageiros (“empinado” ou com o “bico” caído)

Bons bagageiros quando bem instalados e respeitados as recomendações dos fabricantes duram uma vida toda. A seguir montamos um esquema para ajudá-lo a encontrar o bagageiro certo para sua bicicleta e seu tipo de expedição.

Escolha de Bagageiros - Esquema


DICAS E CUIDADOS PARA EVITAR QUE SEU BAGAGEIRO SE QUEBRE

1) DISTRIBUIÇÃO CORRETA DE PESO

Brinquedo Boneco João BoboDistribuir corretamente o peso da bagagem traz uma série de benefícios não só para a estrutura do bagageiro, mas também para o equilíbrio da bicicleta. Isso acontece porque ao concentramos o peso das bagagens próximo ao chão estamos rebaixando também o seu centro de gravidade. Quanto mais baixo ele estiver, mais fácil será para pilotar a bicicleta. Um exemplo bem legal para se entender esta relação física seria o famoso boneco que popularmente conhecemos por João Bobo. Por mais que a gente tente derrubá-lo, o boneco sempre retorna a sua posição ereta. Se olharmos com mais atenção a estrutura deste brinquedo vamos perceber que o seu peso está praticamente todo concentrado na base.
No caso de preservar a estrutura do bagageiro, quando se concentra o peso da bagagem próximo ao eixo da roda, ou seja, colocando o que é mais pesado no fundo do alforje, estamos reduzindo a amplitude de seu deslocamento lateral. Funciona assim. Nós não percebemos, mas quando estamos pedalando com cargas em cima do bagageiro, o tempo todo ele está se movimentando para um lado e para o outro.  Quando o peso se concentra na parte superior, a amplitude do movimento deste bagageiro é muito maior. Isso aumenta também o estresse em sua estrutura ampliando a probabilidade dele vir a se quebrar. Além disso, quando concentramos a bagagem mais pesada no fundo do alforje estamos também aproveitando a estrutura do quadro da bicicleta para impedir que a força gerada lateralmente pelos alforjes se aplique somente no bagageiro. Outra dica importante é distribuir igualitariamente o peso das bagagens entre o lado direito e o esquerdo dos alforjes.

Abaixo segue algumas simulações comparando a distribuição de peso dentro dos alforjes e sua relação com a movimentação da estrutura do bagageiro.

Influencia Alforje X Bagageiro

2) PARAFUSOS, ARRUELAS DE PRESSÃO E PORCAS AUTOTRAVANTES

É comum pensarmos que um parafuso está seguro quando ele esta muito bem apertado. Isso pode ser uma boa armadilha. Parafusos apertadíssimos podem ser tão problemáticos quanto parafusos frouxos. Todo parafuso tem sua tabela de torque que indica a força máxima e ideal que deve ser aplicada na peça durante seu parafusamento. Existe uma ferramenta chamada torquímetro que nos mostra exatamente qual é a força que estamos aplicando em um parafuso. Porém, o torquímetro é uma ferramenta profissional de custo bastante elevado. O melhor que temos a fazer nesta situação é usar o bom senso. Não muito apertado e nem frouxo demais.

ARRUELAS DE PRESSÃO

Arruela de PressãoQuando estamos parafusando algo que não requer uma porca na outra extremidade o uso de uma arruela de pressão pode ser muito útil. Este tipo de arruela cumpre o papel de não deixar que um parafuso se afrouxe.  Todo parafuso depois de um certo tempo de uso acaba perdendo um pouco da sua pressão.  Isso geralmente acontece porque a superfície na qual ele está em contato acaba se deformando. Embora seja algo milimétrico, esta deformação é capaz de gerar uma pequena lacuna entre a cabeça do parafuso e a parede da estrutura em que ele se encontra parafusado. Esta lacuna é suficiente para deixar o parafuso “bambo”.  A arruela de pressão entra para cumprir a função de criar um elo moldável dentro deste espaço vazio.

PORCAS AUTOTRAVANTES

Porca AutotravanteOutra pecinha muito útil para parafusos que utilizam porcas na extremidade são as porcas autotravantes que fazem exatamente o que seu nome sugere, ou seja, trava a porca evitando que ela se afrouxe. É uma porca comum como outras que se diferencia por ter dentro de sua estrutura um anel de nylon. Quando o parafuso passa por este anel surge uma nova rosca. Esta rosca tem a função de criar um descompasso com a rosca original da porca. Assim surge o travamento. Vale a pena gastar alguns centavos a mais por esta porca. Hoje em dia é super fácil encontrá-la em casas de ferragens, mas se por acaso você não tiver acesso a uma porca autotravante, você pode criar uma trava no parafuso simplesmente adicionando uma outra porca comum sobre a porca já instalada.

PARAFUSO INOX OU AÇO CARBONO

Parafusos Allen InoxTanto faz. Se a sua preocupação em relação ao parafuso estiver relacionado a sua dureza, então fique com aquele parafuso pretinho feito em aço carbono que tem impresso na sua cabeça o número 12.9. Este número é a classe de resistência do material. Vulgarmente podemos dizer que quanto menor for este número, mais maleável será o parafuso.  Os parafusos em aço carbono com a classe 12.9 são comuns e possivelmente é o que você irá encontrar em no mercado. Agora, se a sua preocupação está relacionada ao enferrujamento da peça, então o parafuso inoxidável pode ser uma ótima opção. Parafusos em bagageiros não quebram naturalmente com facilidade. Lembra da explicação sobre limite à fadiga dos materiais? Pois bem, se você apertar demais um parafuso ele pode se quebrar precocemente. Se deixá-lo frouxo ele pode fazer o papel de uma alavanca e a força do bagageiro aplicada sobre ele acaba rompendo sua estrutura.

3) BAGAGEIRO DIANTEIRO

Respeite sempre o limite de carga máxima suportada por cada bagageiro. Muita gente atropela esta informação e acaba tendo uma dor de cabeça tremenda quando se vê parado no meio de uma viagem porque o bagageiro quebrou. Se você perceber que a sua bagagem está próxima ao limite máximo de carga suportado pelo bagageiro traseiro, providencie a instalação de um bagageiro na dianteira de sua bicicleta. Um projeto de cicloviagem planejado por meses não merece se transformar em um pesadelo por um descuido previsível.

Bagageiros Dianteiros

Alguns modelos de bagageiros dianteiros disponíveis no mercado.

4) EVITE BURACOS

Esta é uma dica bastante óbvia e simples. Sempre que possível evite passar sobre buracos ou terrenos muito acidentados. Uma bicicleta trepidando é ruim para todo mundo.

5) MANUTENÇÃO PREVENTIVA

Sempre que rodar algumas centenas de quilômetros verifique se os parafusos e a estrutura do bagageiro estejam corretos. Algumas vezes nós acostumamos tanto com a viagem que parece que nada mais pode dar errado ou se quebrar. Só o pneu, este sim é uma assombração constante com seus furos.

6) INCLINAÇÃO DO BAGAGEIRO     

Tente instalar o seu bagageiro de maneira que a sua armação superior fique paralela ao chão. Nada de bagageiros “empinados” ou com o “bico caído”.


ADAPTAÇÕES E IMPROVISAÇÕES

De repente você quer colocar um bagageiro com um preço mais em conta na sua bicicleta e descobre que ela não tem nenhuma furação apropriada pra isso. E agora, o que fazer? Há soluções, algumas simples e outras que podem ser tão complexas que acaba valendo a pena investir em um bagageiro universal. Vamos ao primeiro e mais comum de todos os casos.

QUADRO SOMENTE COM FURAÇÃO PARA BAGAGEIRO PRÓXIMO AO EIXO TRASEIRO DA RODA 

Este é um caso  bem simples de se resolver. Na verdade, as possibilidades são quase infinitas. Vamos as duas mais comuns.

ADAPTADORES PRONTOS


Abraçadeira de Selim com FuraçãoAbraçadeira de Selim com FuraçãoForam feitos exclusivamente para resolver este problema. O mais comum e universal é a utilização de abraçadeiras de selim com furação para bagageiro. No Brasil nós temos no mercado o modelo MC-76 da marca Tranz-X. Esta abraçadeira substitui a original de sua bicicleta. Por ser parafusada e não presa por blocagem de pressão ela acaba inibindo um pouco o roubo de selins.

ABRAÇADEIRAS EMBORRACHADAS TIPO P

Abraçadeira tipo PAbraçadeira tipo PCumprem muito bem o papel de adaptação. Não são muito comuns de se encontrar, mas podem ser confeccionadas utilizando abraçadeiras comuns de encanamento e um pedaço de borracha como câmara de ar ou pneu descartado. A função da borracha é impedir que a abraçadeira se deslize além de proteger a pintura do quadro.

QUADRO SOMENTE COM FURAÇÃO PARA BAGAGEIRO PRÓXIMO AO CANOTE DE SELIM

Adaptador Furação TraseiraAdaptador Bagageiro TraseiroA melhor saída seria optar por um bagageiro que se encaixa na bicicleta através da blocagem traseira da roda. Para fixar as hastes superiores você poderia utilizar uma das opções mencionadas no item anterior.  Existe um adaptador no mercado internacional capaz de permitir que as hastes inferiores de um bagageiro traseiro sejam instaladas em um quadro sem furação. Apesar de ser uma ótima solução, este adaptador é caro e não é compatível com qualquer modelo de bagageiro. Seria necessário criar uma outra adaptação sobre ele, o que pode acabar transformando uma solução em dor de cabeça.


CONSIDERAÇÕES

Em algum canto, em algum lugar há um bagageiro apropriado para sua bicicleta. A única coisa que você precisa fazer é identificá-lo. Quando não há uma opção pronta de imediato, criar adaptações pode ser uma saída bem prática e rápida. Ao instalar um bagageiro em sua bicicleta esteja atento as recomendações dos fabricantes e as dicas que fornecemos neste manual. Se for levar muita bagagem, não abra mão de um bagageiro dianteiro. Se tudo estiver muito bem colocado e sem exageros, você terá uma coisa a menos para se preocupar na viagem. Então, decidido o bagageiro, vamos aos alforjes, mas isso é assunto para o próximo manual.


*  Este artigo foi elaborado com a colaboração do amigo Gustavo Miranda, engenheiro mecânico na indústria aeronáutica.


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29 comentários
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29 comentários

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Local Bike novembro 30, 2016 em 12:46 am

Parabéns, belo trabalho!

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Eduardo Lemos
Eduardo Lemos novembro 30, 2016 em 10:02 am

Muito obrigado pelo elogio, Local Bike!!!!

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Antônio José novembro 30, 2016 em 7:29 am

Mt bom. Show!!!

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Eduardo Lemos
Eduardo Lemos novembro 30, 2016 em 10:04 am

Antônio José! Muito obrigado por comentar de maneira tão positiva este trabalho do Manual dos Bagageiros para Bicicleta. 🙂

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Claudio A.Neves novembro 30, 2016 em 12:19 pm

Ótimo manual, principalmente pra pessoas como eu que pretendem se atirar na estrada pela primeira vez. Parabéns!!

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Eduardo Lemos
Eduardo Lemos novembro 30, 2016 em 2:32 pm

Claudio, que bom ouvir que este manual foi útil pra ti. Estou trabalhando também em um manual para alforjes muito parecido com este sobre bagageiros. Em breve lançarei ele aqui no Aventuraria também. Um forte abraço!

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Vagner novembro 30, 2016 em 5:21 pm

Muito boa a matéria, bem detalhado. Muito util mesmo!

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Eduardo Lemos
Eduardo Lemos novembro 30, 2016 em 7:25 pm

Muito obrigado, Vagner! Grato em saber que a leitura te agradou. 🙂

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Miriam Thiesen novembro 30, 2016 em 5:50 pm

Essa leitura caiu feito uma luva para mim hoje, obrigada.

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Eduardo Lemos
Eduardo Lemos novembro 30, 2016 em 7:27 pm

Miriam! Então podemos dizer que a missão foi cumprida, rs. Muito obrigado por sua interação aqui. 😉

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João Messias Godoy novembro 30, 2016 em 7:28 pm

Boa tarde. Parabéns pelo Manual.
Conhece algum bagageiro para bicicletas Full suspension (no meu casa specialized epic comp alumínio), além do BAGAGEIRO UNIVERSAL PACK ‘N PEDAL THULE.
João Godoy

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Eduardo Lemos
Eduardo Lemos novembro 30, 2016 em 7:41 pm

Fala João! Obrigado pelo elogio. Então, aqui no Brasil as marcas que eu conheço que são compatíveis com bicicletas full suspension são a Thule e a M-Wave. Porém, o modelo de bagageiro da M-Wave que é compatível com bicicletas FS está esgotado nos fornecedores há um bom tempo. Lá fora tem uma marca que recentemente lançou um bagageiro muito legal para FS. Se chama El Burro. Dá uma olhadinha no link | http://mtbbrasilia.com.br/2013/08/29/el-burro-o-bagageiro-para-bikes-full-suspension/ | Fora isso, só criando adaptações mesmo. 😉

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Carlos Ferreira Pinto dezembro 1, 2016 em 12:46 am

Parabéns Eduardo, ótimo trabalho !! Merece divulgação !! Estou começando uma pg no face e em alguns dias estará no “ar” meu Blog ” Ciclo Movimento” bora na parceria ?

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Eduardo Lemos
Eduardo Lemos dezembro 1, 2016 em 6:46 pm

Fala Carlos! Obrigado pelo comentário. Me mantenha informado sobre sua página no Facebook. Vamos sim trocar figurinhas!!! O nome do seu projeto é muito legal por sinal. 😉 Grande abraço pra ti!

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Carlos Ferreira Pinto dezembro 1, 2016 em 7:54 pm

Obrigado pelo retorno e elogio Eduardo, logo logo conversaremos, a união faz a força, eu creio nisso !!! gde abç !!

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Rodolfo janeiro 27, 2017 em 8:06 am

Artigo excelente e bem completo esclarecendo todos os detalhes sobre bagageiros. Parabéns Eduardo. Show!!!

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Eduardo Lemos
Eduardo Lemos fevereiro 7, 2017 em 12:02 am

Fala Rodolfo! Muito obrigado pelo elogio. Logo vem o Manual dos Alforjes também. 😉

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Luiz Fábio março 5, 2017 em 9:02 am

Parabéns Eduardo,

Excelente artigo, tirou varias duvidas minha.

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Eduardo Lemos
Eduardo Lemos março 27, 2017 em 1:12 pm

Luiz Fábio! Muito obrigado pelo elogio. Fico feliz que este artigo foi útil pra ti. Está saindo do forno também um artigo dedicado aos alforjes para bicicleta. 😉 Um grande abraço e bons ventos nas suas aventuras.

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Volni Biason maio 5, 2018 em 12:18 am

Bom dia!
Neste artigo não comentaram os bagaheiro centrais (entre o selim e o guidão). Vejam o site http://www.pet-basket.com.br . Foi desenvolvido para transporte de cães, mas pode ser utilizado para outros tipo de transporte.

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Eduardo Lemos
Eduardo Lemos julho 26, 2018 em 1:27 am

Olá Volni, obrigado pelo comentário. Já havíamos lido sobre o Pet Basket, mas o deixamos de lado neste artigo por não se tratar de um item apropriado para cicloturismo. É uma bagageiro bem interessante e super funcional para transporte de animais de estimação. 😉 Bons ventos pra ti.

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Volni Martim Biason setembro 14, 2018 em 4:39 pm

Obrigado. O produto está tendo boa aceitação, inclusive na Europa.

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Luiz Wasem setembro 14, 2018 em 1:34 pm

Bom dia!
Excelente Matéria. Mas sei que não é o foco mas estava a procura de quadros (aro 29) que suportem bagageiros para colocação de cadeirinhas na parte traseira. Gostaria de influenciar minha fila a pedalar levando-a sempre comigo. O problema é que é muito difícil encontrar quadros que tenham furação para bagageiros. Já estou procurando ha bastante tempo e não encontro. Teria alguma sugestão. Estou a procura de MTB 29 com freios a disco. Obrigado.

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Eduardo Lemos
Eduardo Lemos setembro 14, 2018 em 2:41 pm

Oi Luiz, tudo bem? Primeiramente, muito obrigado pelo elogio. Pois bem, quadros 29 são um pouquinho mais chatos de serem encontrados com furação para bagageiros, mas não impossíveis de achar. Eu tenho aqui um quadro disponível aro 29 à disco, tamanho 19, modelo Totem Zesty. Ele vem com furação para bagageiro na região da gancheira. A parte superior das hastes do bagageiro podem ser instaladas utilizando uma abraçadeira de canote própria da marca Tranz-X, modelo MC-76. Nós também vendemos aqui na loja. De qualquer forma, conte comigo para te ajudar a encontrar uma solução. Se quiser, me chame no zap da Aventuraria, 12 996272-7272. Mais uma vez, obrigado pela palavra de carinho. Um grande abraço, Eduardo.

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Fernando Morado novembro 24, 2018 em 9:54 pm

Boa noite, Eduardo! Obrigado e parabéns pela matéria. Em julho, fiz a Estrada Real de bike, Diamantina a Ouro Preto e de Ouro Preto a Paraty. Na primeira etapa, usei um par de alforges alemães da marca MSX mainstream, concorrente da Ortlieb e pouco conhecido no Brasil. Como estava sozinho, tenho 59 anos e era muita subida e muito cascalho, penei muito e na segunda etapa usei um saco estanque sobre o bagageiro, só invés dos alforges. Estou planejando uma viagem maior para o meio do ano, por estradss menos difíceis e desta vez com os alforges novamente. Minha bike é uma Sense Impact Pro 2018, sem furação. Uma sobrinha se ofereceu para trazer um Tubus para mim e estou pensando no modelo Logo classic 29. Eles não especificam que o modelo cabe no aro 29. Você acha que serve? Outra dúvida: muitas pessoas desaconselham fixar o bagageiro no blocante, mas a própria Tubus tem um blocante para tal. O que você acha? Obrigado, Fernando Morado.

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Eduardo Lemos
Eduardo Lemos dezembro 1, 2018 em 12:36 pm

Fala Fernando, tudo bem? Obrigado pelas palavras de apoio. Estrada Real é algo bem desafiador mesmo. Tem que ter muita perna e fôlego pra vencer as infinitas serras de Minas Gerais. Conheço sim os alforjes da MSX. Não citei a marca num outro artigo que escrevi sobre alforjes porque ela não está presente no Brasil de forma oficial. Esta sua segunda configuração de saco estanque é muito válida. Inclusive, há um modelo de saco estanque mais apropriado pra isso. Ele tem um tecido de alta densidade e alças pelo seu corpo. No Brasil a marca Sea To Summit representa a linha Big River. Temos ela aqui na loja até. Uso pra cicloturismo e também para canoagem. Em relaçao ao bagageiro da Tubus ele é pra aro 29 sim, mas tem que reforçar com o vendedor isso, porque existe também o modelo pra 26. Quanto a instalar na blocagem, estruturalmente não há problema nenhum. O único inconveniente é que se o pneu furar você terá que mover sua bagagem para trabalhar no reparo e cuidar para não danificar o bagageiro. Ah, eu acho que este bagageiro que você citou não vem com o adaptador para blocagem. Tem que pedir pra comprar também junto. Espero ter ajudado um pouco. Qualquer dúvida é só perguntar, Fernando. Bons ventos pra você, sempre! Abraços, Eduardo.

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Elias fevereiro 15, 2019 em 6:29 pm

Muito boa a materia! Parabens e obrigado pelo seu trabalho!

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Yael Picolo Alves Ampessan abril 10, 2020 em 7:16 pm

Boa tarde Eduardo. Tenho uma bike Elite Carbon da Caloi e nunca fiz cicloviagem, mas eu e meu marido pretendemos fazer tão logo essa fase de pandemia cesse! O que você recomenda de alforjes para este tipo de bike? Pretendemos fazer uma viagem de 7 dias, a princípio. Meu marido tem uma GTA de alumínio. Para ele qual seria o melhor alforje?
Estou bem confusa em relação às opções para meu estilo de bike.
Aguardar seu retorno. Obrigada!

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Eduardo Lemos
Eduardo Lemos abril 19, 2020 em 10:52 am

Olá Yael! Tudo bem com vocês por aí? Desculpe o retorno tardio na resposta. Tenho acessado o blog com pouca frequência ultimamente. Olha só, encaminhe suas dúvidas para o WhatsApp da nossa loja que eu consigo te responder com mais precisão, se possível. 🙂 Anote aí (12)99672.7272. Te aguardo por lá. Grande abraço, Eduardo.

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